Tecnologia do Inatel leva internet de alta qualidade a áreas remotas em uma caixa

Internet na Caixas: Tecnologia desenvolvida no Inatel, em Santa Rita do Sapucaí (MG), permite levar internet para áreas remotas Inatel/Divulgação Uma pequen...

Tecnologia do Inatel leva internet de alta qualidade a áreas remotas em uma caixa
Tecnologia do Inatel leva internet de alta qualidade a áreas remotas em uma caixa (Foto: Reprodução)

Internet na Caixas: Tecnologia desenvolvida no Inatel, em Santa Rita do Sapucaí (MG), permite levar internet para áreas remotas Inatel/Divulgação Uma pequena caixa, menor que uma mala de viagem, pode ser a chave para levar internet de qualidade a lugares onde o sinal nunca chegou. A tecnologia, desenvolvida no Instituto Nacional de Telecomunicações (Inatel), em Santa Rita do Sapucaí (MG), reúne em um único equipamento tudo o que uma operadora de rede móvel precisa para funcionar. 📲 Siga a página do g1 Sul de Minas no Instagram Batizado de “Conectividade na caixa”, o sistema integra antena, distribuição e núcleo de rede em um formato compacto e de fácil instalação. “A gente condensou a antena, a distribuição e o núcleo. Com uma única caixa, uma pessoa pode ter sua própria operadora. Ela oferece as mesmas funcionalidades em um único equipamento, que é mais fácil de instalar, de operar e não requer conhecimentos muito grande sobre estrutura de redes móveis”, explica o professor e coordenador do Centro de Competência Embrapii Inatel em Redes 5G e 6G - xGMobile do Inatel, Luciano Mendes, responsável pelo projeto. A tecnologia permite criar redes móveis privativas, em que apenas dispositivos autorizados podem se conectar, o que garante segurança e estabilidade. O alcance varia de 5 a 10 quilômetros no 5G e pode chegar a 100 quilômetros no 4G, atendendo até 100 usuários. Internet na Caixas: Tecnologia desenvolvida no Inatel, em Santa Rita do Sapucaí (MG), permite levar internet para áreas remotas Inatel/Divulgação As redes privativas podem ser usadas em fábricas, propriedades rurais, sistemas de cidade inteligente ou comunidades isoladas. "A gente vem tentando avançar com a questão da conectividade nas áreas rurais, justamente com uma questão de inclusão digital. Esse foi o grande viés da nossa, da nossa pesquisa", diz Mendes. O projeto começou em 2017, teve sua primeira versão concluída em 2020 e chega à etapa final de transferência tecnológica em 2025. A iniciativa já foi repassada a startups de Santa Rita do Sapucaí, como a Trivale, responsável pela versão 5G, e a Furukawa, que opera com 4G. Enquanto a primeira mira a conectividade em setores como óleo e gás, a segunda tem foco no campo, levando internet a áreas rurais e agrícolas. Mas a rede privativa do Inatel tem algumas limitações. Uma delas é que o chip funciona apenas no seu raio de cobertura. A outra é que há restrições em confirmações de SMS em operações pela internet. "A gente perde um pouco de flexibilidade em termos de interconexão com diversos aplicativos. Pode ser que você tenha ali uma funcionalidade que seja mais limitada do que aquilo que você oferece numa rede plena, mas no sentido de oferta de conectividade, de transferência de dados, de internet, até mesmo de comunicação de voz, tudo isso atendido com bastante satisfação", garante o pesquisador. Apesar do avanço tecnológico, a principal barreira para expansão da solução é o acesso ao espectro de frequência, que depende de autorização da Anatel. As redes privativas já têm licença para funcionar no Brasil desde 2023, mas a burocracia ainda limita sua adoção, o que inibe o interesses por projetos comunitários. O g1 procurou a Anatel para saber os requisitos para solicitar uma rede privativa e como deve ser feito o processo, mas não obteve retorno até a publicação desta reportagem. Caminho para o 6G e a inclusão digital Inatel: Instituto Nacional de Telecomunicações, em Santa Rita do Sapucaí Reprodução/EPTV A inclusão digitam também é uma premissa no desenvolvimento da tecnologia 6G no Brasil, que também está sendo feita pelo Inatel. O objetivo de criar uma tecnologia nacional que possa atingir todo o território brasileiro. A proposta, chamada “TV Space”, busca aproveitar faixas ociosas de canais de TV em áreas rurais para transmitir internet de forma compartilhada, sem interferir nos sinais das emissoras. A ideia é que pequenos provedores e comunidades possam montar suas próprias redes, com custos baixos e sem depender de grandes licitações de frequência. “Muita gente fala que o satélite é a solução, mas os equipamentos são caros. Nossa proposta é usar um ponto de conexão via satélite e distribuir o sinal por dezenas de quilômetros a um custo acessível”, explica Mendes. O Inatel já realiza testes, tem discutido a tecnologia com emissoras de TV, provedores de internet, representantes dos setores econômicos e trabalha com a Anatel na criação de normas para homologação dos equipamentos. “O Brasil tem a chance de ter uma tecnologia que é sua, que foi desenvolvida aqui e que poderia causar um impacto muito grande e poderíamos ser os pioneiros. Uma tecnologia brasileira capaz de reduzir a exclusão digital e atender desde comunidades indígenas até setores estratégicos, como mineração, fronteira e segurança nacional”, destaca o pesquisador. Atualmente, cerca de 20 milhões de brasileiros vivem em áreas sem acesso à internet. O desafio do Inatel é reduzir esse número — com inovação feita no país e conectividade que cabe dentro de uma caixa. Veja mais notícias da região no g1 Sul de Minas